É bem comum a gente ficar preocupado e inseguro, ainda mais na nossa primeira história, sobre a qualidade do que foi escrito. Não soa como Saramago, Machado ou Garcia Marques. Nem parece Lispector. Deve ser porque quando você leu esses e outros autores o texto já estava pronto. Foi escrito, reescrito, lapidado, editado e revisado, algumas vezes, antes de chegar a nós.
É na reescrita e edição que a narrativa se aperfeiçoa. Por isso é tão importante ter em mente que após a escrita, ainda se tem um período de trabalho pela frente. Um período árduo, cansativo, porém recompensador.
Assim como em outras etapas do processo de escrita, não existe uma fórmula mágica para executar esta parte do trabalho, mas algumas dicas podem ajudar:
- Deixe o texto descansar: Eu sei que vocês já ouviram isso inúmeras vezes, mas de fato é muito importante. Quanto mais conhecemos o texto, menos vamos perceber os erros dele. É a brincadeira do consciente e inconsciente. Foi você que escreveu, mesmo não lembrando de cada palavra, ao ler o texto sem deixar arejar o cérebro, ele completa e seus olhos não vão captar erros bobos.
- Leia em voz alta e grave: A leitura oral aciona mecanismos cerebrais diferentes. Fazemos um esforço a mais para processar cada palavra quando lemos em voz alta, mas é importante não parar a leitura para fazer consertos no texto, por isso grave.
- Corrija se ouvindo: Ao ouvir sua própria voz lendo o texto você perceberá os ajustes necessários. Corrija, escutando a gravação da sua leitura oral.
- Revise quantas vezes for necessário e a cada etapa: O texto ainda não está fluindo? Revise. Escritores levam mais tempo no processo de revisão do que no de escrita. Isso é parte do processo. Mas tenha atenção para não estar procurando cabelo em ovo. Às vezes não é o texto que não está bom e sim nosso sensor crítico que está nos boicotando, nesses casos, peça o opinião de profissionais e leitores.
A cada etapa do processo, revise. Muitos escritores acham que após a revisão profissional ou diagramação não é necessário revisar novamente. Mas é. O revisor, assim como diagramador, são humanos e erram, como você. Não é só aceitar as correções do arquivo da revisão ou só conferir se as páginas diagramadas não acabam em viúvas, precisa ler todo o texto novamente.
- Peça a opinião de profissionais e leitores: Leitores beta, leitores críticos, revisores profissionais e do seu nicho e editores podem te ajudar nesse processo. Peça ajuda e escute o que eles estão de falando. Saber lidar com as críticas antes da publicação é meio caminho andado para aceitar o que vem depois.
Perfeito, Luisa! É esse mesmo o processo, na minha opinião. Demorei muito mais tempo revisando e ajustando o O Dia em que o Minotauro chorou do que escrevendo a parte "bruta" da história. Além disso, foi fundamental ouvir as diversas opiniões dos leitores e leitoras-beta e das revisoras profissionais, a sua e a da editora que cuidou da edição impressa do livro. Às vezes dói um pouco mexer no texto, mas olhando o livro pronto, achei muito melhor do que na "minha" versão rsrsrsrs.